Intercâmbio: Como é morar em casa de família? #2

domingo, 19 de junho de 2016
Post passado a Évelin contou sobre a experiência dela morando em casa de família em Brighton, na Inglaterra. Agora é a vez da Andiara. A Andi é uma amiga que conheci logo na minha chegada ao Canadá. Ela é de Porto Alegre-RS e formada em Relações Públicas pela UFRGS. Enjoy o relato dela. ;)



Por que host family?


Diferentemente da Mari, fiquei hospedada em casa de família. Era a opção mais em conta e achei que seria positivo para mim, já que, antes de ir ao Canadá, tive que desistir de um intercâmbio de trabalho nos Estados Unidos. Uma amiga da faculdade que já tinha feito intercâmbio em Vancouver e ficou em casa de família foi, indiretamente, influência para eu tomar essa decisão.

Antes do embarque


Eu, a Mari e a Évelin (minha amiga que ficou numa homestay na Inglaterra) viajamos pela mesma agência, então o procedimento provavelmente foi bem parecido para nós. Assim como a Évi, recebi perguntas mais específicas sobre restrições alimentares, alergias, convívio com crianças e animais. Algumas semanas antes da viagem, eu estava bastante ansiosa para ter mais informações precisas e, quando finalmente recebi o perfil da família, endereço e outros dados, fiquei nervosa e eufórica ao mesmo tempo. Hahahaha

Minha família é/era filipina: mãe, pai e um casal de filhos adolescentes (na época). Encontrei perfis deles no Facebook e tentei fazer algum contato, mas no começo não tive resposta. Levei presentes: chocolates de marcas brasileiras, um livro com fotos de Porto Alegre, minha cidade natal, um CD com algumas das minhas músicas brasileiras preferidas e um ímã de geladeira com um casal de bonequinhos pilchados, ou seja, vestidos com as roupas típicas da cultura gaúcha.

Primeiro contato


Na chegada ao aeroporto de Vancouver, eu e outros 3 amigos nossos (meus e da Mari) acompanhamos um homem que faria o transfer para nós - esse serviço é contratado na agência de intercâmbio. Embarcamos com as malas na van e o tal homem levou cada um de nós para sua respectiva casa. Fui a segunda a ser "liberada" e estava meio tensa, não vou mentir...

Logo essa tensão passou, felizmente! Eu não sabia, mas chegando à minha casa descobri que outros estudantes moravam nela e morariam comigo: dois sul-coreanos, duas sul-coreanas e uma japonesa, que voltaria ao Japão no mesmo dia em que cheguei. Apesar de eles estarem sentidos com a amiga que iria embora do Canadá, fui muito bem recebida com sushi e muitas perguntas pela turma. 

Os orientais realmente são educadíssimos: apenas algumas horas depois que cheguei, eles me convidaram e fomos todos a um mercado oriental perto de casa, para que eu fizesse algumas compras, conhecesse um pouco da rua, me familiarizasse com o ônibus (e o cartão, muito útil). Também teve um jantar de despedida/recepção, com comidas sul-coreanas e, de sobremesa, negrinho de panela (brigadeiro, fora do Rio Grande do Sul, hehehe) com o leite condensado que levei na mala.

Convívio com a host family


Aos poucos, fui conversando mais com mãe e filha - não tenho certeza se o filho era autista, mas ele ficava mais quietinho, na dele, e o pai era carregador, trabalhava muito e praticamente o dia inteiro. Minha mãe filipina já sabia que eu teria muitas atividades programadas pela agência, mas sempre procurei fazer tudo conforme as regras e, no caso de surgir qualquer dúvida, ela estava disponível (please let me know foi uma frase que me acostumei a ouvir). 

Algumas vezes na semana, eu jantava ou almoçava fora com meus amigos da escola ou ia a festas, mas sempre perguntava à minha mãe filipina se o fato de eu voltar tarde era ok para ela, e não tive nenhum problema. Claro, eu deveria seguir as regras diárias da casa: não andar pela casa com os mesmos calçados de andar na rua, não fazer barulho/bagunça... Se, por algum motivo, sair à noite não fosse algo "do agrado" da família, eu respeitaria e procuraria outras opções. Considero que estar numa família que deu liberdade a 5 jovens adultos estrangeiros (como minha própria mom dizia) e abriu espaço ao diálogo foi bem importante pra minha experiência.

Além disso, minha mom cozinhava, normalmente comidas orientais. Tive problemas com a pimenta (muito, muito forte) e - muito fofo e querido da parte deles - família e colegas sul-coreanos faziam versões not spicy (não apimentada) da comida pra mim, e eram ótimas! Mesmo quando tinha algo marcado, comia um pouco da comida caseira antes de sair, eu me sentia mal e achava falta de consideração não fazer isso. Também era a mãe que preparava sanduíches pro nosso almoço na escola, cada um com seu nome (eu prefiro ser chamada pelo meu apelido, Andi, e virei Andy para eles, bem rapidinho. Hehehe)


Tarefas de Casa


Nem eu nem os sul-coreanos tínhamos tarefas de casa como varrer, limpar janelas, etc, mas acho que o bom senso de manter as áreas comuns organizadas e limpas era o que predominava. As roupas ficavam a cargo da mom e isso não me incomodava, mas algumas peças eu preferia lavar no banho e secar no closet. Era uma casa grande, de dois andares, duas salas, duas cozinhas, vários quartos... A área dos estudantes era o "primeiro piso", com entrada pelos fundos, já o andar superior da casa era para algumas ocasiões. Cada estudante tinha o seu quarto com banheiro e closet e a questão do espaço era respeitada. Nunca soube de alguém entrar ou mexer nos pertences sem permissão, mas eu preferia guardar na mala alguns objetos (a porta do quarto podia ser trancada por fora, só que a tranca era direto na porta, sem chave, e não me dava bem com a fechadura, embora sempre tentasse).

Cada um de nós também tinha a sua chave de casa e seguia seu caminho, pois estudávamos em escolas diferentes. O café de manhã, tirando algumas comidas, era praticamente igual ao que já faço em casa (comer/beber em pé e/ou ajeitando as coisas), já que não tenho o hábito diário de sentar à mesa e tomar café com família e/ou amigos, Com o pessoal da Coreia do Sul, era parecido, cada um tinha seu horário e era difícil nos encontrarmos para trocar um bom dia, então, não encontrei resistências. Assim como eu, eles usavam duas conduções para chegar à escola (eu, 2 ônibus; eles, um ônibus e metrô), mas acredito que eles ficavam mais tempo em casa, vendo filmes coreanos e programas de tv canadenses - participei assistindo a um pouco disso tudo e dividindo a compra de muitos doces e bebidas (importante: se 2 amigos ou amigas entram juntos na loja para comprar bebida alcoólica em Vancouver, só é possível comprar se ambos apresentarem passaporte e tiverem idade mínima (19 anos), mesmo que só uma das pessoas pague). 

Vale a pena?


Eu recomendo muito a experiência de ficar em casa de família, mas acredito que ela funciona mais se o estudante viaja de coração aberto e está disposto a respeitar e conviver com o que é diferente. Jogo de cintura se faz necessário em várias situações e não posso falar por todas as famílias, mas só tive boas impressões da que me acolheu. Nosso convívio não era como o de famílias mais tradicionais, de almoçar ou jantar (às 18h, no caso de Vancouver) todos os dias, mas pude conhecer um pouco deles e eles de mim, falando sobre minha vida, família e costumes no Brasil. Eu, que raramente via o meu dad, ganhei camisetas de presente e uma carona dele até o metrô para seguir viagem ao aeroporto - mas o que trouxe dessa experiência foi muito maior e, sem demagogias, é para sempre mesmo.



Mari voltando ao post. :) Eu, a Andi e Évelin contamos algumas de nossas histórias de intercâmbio, agora, deixa nos comentários a sua! Vou adorar ler. E se tiver mais alguma sugestão de post deixa nos comentários aí também! <3

Beijos, Mari! :)
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7 comentários

  1. Uau.. que experiência maravilhosa..
    Nunca fiz intercâmbio, mas adoro ler relatos de quem teve a oportunidade.
    E concordo, acho que se você optar por convier com uma família, tem que ir de coração aberto para saber lidar com possíveis desentendimentos.
    Adorei

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    1. Concordo ctgo, Clayci. Acho que fazer intercâmbio é exatamente isso...ir com o coração aberto!

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  2. Gente, que bacana me deparar com esse conteúdo. Em setembro de 2017 farei intercâmbio. Vou ficar 30 dias em NY e em casa de família. Estou receosa, mas quero ir porque o objetivo da viagem é viver outra cultura e como vou passar apenas um mês por lá, achei que ficar em casa de família seria bom para me ajudar no objetivo.
    Eu viajaria neste ano, mas estou esperando juntar mais dólares e por isso adiei.
    Adorei o blog.


    www.blogdahida.com

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  3. Que legal esse post, principalmente para o pessoal que tem a intenção de fazer um intercâmbio!
    Acho que eu não conseguiria conviver com uma família diferente, mas é uma experiência única que com certeza vale muito a pena!

    Beijos
    BlogCarolNM
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  4. Esse é um dos meus maiores sonhos, acho incrível essa experiência! Que legal isso de ter uma host-family, com certeza, eu preferia conviver com uma família, isso ajudaria ainda mais no intercambio.
    Beijos,
    www.dosedeilusao.com

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    1. Queria ter essa experiência tbm. Mas tbm queria achar uma família legal, como a da Andi. :)

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